Muitos trabalhadores festejam a chegada do 13º salário que, geralmente, é utilizado para saldar algumas dívidas. Mas, na verdade, esta remuneração é fictícia, razão pela qual cabe uma pergunta: por que os trabalhadores na Inglaterra e em outros países recebem salários semanalmente?
O sindicalista José Antonio Militão, que trabalha no Juizado Especial Criminal de Pinheiral, município do Rio de Janeiro, através de um exemplo aritmético muito simples, prova que o 13º salário nunca existiu, ele é uma das mais escandalosas de todas as mentiras dos donos do poder, quer se intitulem “capitalistas” ou “socialistas” e é, justamente, aquela em que os trabalhadores mais acreditam.
“Historicamente”, lembra José Militão, “o 13º no Brasil foi uma inovação aceita no governo Getúlio Vargas, o pai dos pobres, e que nenhum governo depois do dele mexeu nisso, embora fale-se agora que o governo do PT pode vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º salário. Se o fizer, será mais uma forma de ludibriar o trabalhador, porque o 13º salário não existe.”
Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar os trabalhadores, segundo José Militão. Suponhamos que você ganha R$ 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 8.400,00 por um ano de doze meses. Em dezembro, o generoso governo manda, então, pagar-lhe o conhecido 13º salário, ou seja, R$ 8.400,00 + 13º salário = R$ 9.100,00 (salário anual já incluído o 13º salário). O trabalhador vai para casa todo feliz com o “governo dos trabalhadores” que mandou o patrão pagar o 13º.
“Agora”, ressalta José Militão, “veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a fazer uma simples conta que aprendeu no ensino fundamental: se ele recebe R$ 700,00 por mês e o mês tem quatro semanas, significa que ganha por semana R$ 175,00. O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos R$ 175,00 (salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 9.100,00.
Além disso, a resposta é que o governo, que faz as leis, fica com uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 28, 30 e 31 dias, e o ano tem 52 semanas. A cada três meses, o trabalhador perde uma semana de salário;
O salário é o mesmo, tenha o mês 28, 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas. No final do ano o generoso governo presenteia o trabalhador com um 13º salário, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador. Se o governo retirasse o 13º salário dos trabalhadores que exercem função pública, ficaria com o dobro do resíduo salarial que deveria ser pago no decorrer do ano.
Logo, não existe nenhum 13º salário. O governo apenas devolve e manda o patrão devolver o que sorrateiramente foi tirado do salário anual, ou seja, os trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional. Assim, 13º não é prêmio, nem gentileza, nem concessão. É simples pagamento pelo tempo trabalhado no ano!Fonte:Tribuna da imprensa